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Para uma hermenêutica da comunicação

Autor: Bruzzone, Andrés (USP)

Mail: andres.bruzzone@usp.br

Eje temático: Reconocimiento mutuo: la dimensión simbólica del reconocimiento

 

Podemos falar de uma teoria ricoeuriana da comunicação?

A comunicação aparece em várias passagens da obra de Ricoeur, mas é tematizada apenas num texto de 1971 (Discours et communication), onde o autor se insurge contra o modelo hegemónico emissor-mensagem-receptor e essa sua “quase materialidade” que “obtura o pensamento”. Não encontramos outros textos dedicados ao assunto, ainda se a comunicação funciona como articulação em movimentos centrais do pensamento ricoeuriano.

Na comunicação estão em jogo a problemática do sujeito e a sua constituição no mundo. Aparece a tensão entre o sujeito agente e a sua pertença a uma tradição e uma cultura; pré-existentes, sim, mas atualizadas a cada ato (de comunicação). Por exemplo, lemos em Do texto à ação:

“(…) Na medida em que [o autoconhecimento] se trata de um diálogo da alma com ela mesma e que o diálogo pode ser sistematicamente distorcido pela violência e mediante todas as intrusões das estruturas de dominação presentes nas estruturas da comunicação, o conhecimento de si, como comunicação interiorizada, pode ser tão duvidoso quanto o conhecimento do objeto (…) Precisa se fundar a objetividade da natureza e das comunidades históricas na intersubjetividade e não em um sujeito impessoal porque o ego pode e deve ser reduzido à esfera da pertença (…) as distorções da comunicação afetam imediatamente a constituição da rede intersubjetiva na que pode se constituir uma natureza comum (…) As distorções fundamentais da comunicação devem ser consideradas pela egología da mesma maneira que as ilusões da percepção na constituição da coisa.

E agrega:

(…) Parece-me que apenas uma hermenêutica da comunicação pode assumir a tarefa de incorporar a crítica das ideologias à autocompreensão  (Du texte à l’action, pp. 49-50 , tradução própria )

 

Lemos ainda no décimo Estudo de Soi-même comme un autre :

(…) pour médiatiser l’ouverture do Même sur l’Autre et l’intériorisation de la voix de l’Autre dans le Même, ne faut-il pas que le langage apport ses ressources de communication, donc de réciprocité, (…) ? (p. 391)

Cabe à comunicação um papel central na efetivação da dialética do Mesmo e o Outro. A comunicação é pensada fora do modelo emissor-mensagem-receptor. Comunicar-se é estabelecer-se e estabelecer um mundo. Uma filosofia (ou uma hermenêutica) da comunicação terá como eixo o homem em ação e como fundamento o conceito de nós. Haverá lugar para uma ética, fundada nesse nós que se estabelece no mesmo ato que funda o si: não há si (ou eu) sem um nós, como não há um nós sem comunicação.

Mas: o que entende Ricoeur por “comunicação” nestes e  em outros textos onde a expressão aparece sem esclarecimentos? Refere-se à comunicação fundada filosoficamente em Discours et communication, onde apenas o noético atravessa a fronteira entre subjetividades? Ou ao uso efetivo da linguagem nas relações humanas, sendo a comunicação dada, pressuposta? Trata-se de um único conceito, ou diferentes contextos indicam conceitos diferentes? E se houver polissemia: qual será a sua relevância filosófica?

 

Estas são as questões que nosso trabalho aborda e discute.

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